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Fundador do Esporte Interativo fala sobre negociação com clubes e Sky

Edgar Diniz destacou que a expansão do canal da TV paga ajudou nas negociações com os clubes para a transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2019 e 2024

Edgar Diniz destacou que a expansão do canal da TV paga ajudou nas negociações com os clubes para a transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2019 e 2024



O Esporte Interativo chegou a um novo patamar após a sua chegada à grade das operadoras de TV por assinatura Net e Claro TV, no último mês de janeiro.

Em entrevista à revista Meio e Mensagem, o vice-presidente sênior e head de esportes da Turner na América Latina, Edgar Diniz, destacou que a expansão do canal da TV paga ajudou nas negociações com os clubes para a transmissão do Campeonato Brasileiro entre 2019 e 2024. O EI já firmou acordo com Santos, Bahia e Atlético-PR.

Um dos fundadores do canal avaliou que o temor dos clubes quanto à disponibilidade do Esporte Interativo em poucas operadoras até o final de 2015 foi causado por um "discurso de um concorrente tentando desvalorizar a concorrência", claramente referindo-se à Globosat, concorrente da Turner nas negociações dos direitos de TV do Brasileirão.

O próximo passo da programadora é entrar na Sky, segunda maior operadora de TV paga do país. Mesmo com as dificuldades, Diniz afirmou que o acordo "vai acontecer no tempo de qualquer negociação comercial".

Veja na íntegra a entrevista de Edgar Diniz, que comentou sobre a oferta que o Esporte Interativo fez aos clubes, o reforço injetado pela gigante Turner e a expectativa de entrar na grade da Sky:

M&M – Como foi a negociação para a entrada do Esporte Interativo na grade da Net/Claro? Por que demorou tanto?
Edgar Diniz – Foi uma negociação longa, que deu trabalho, mas está resolvida. Falta a Sky, mas vai acontecer no tempo de qualquer negociação comercial. Agora, falando menos como executivo da Turner e mais como cidadão: resolvemos o nosso problema, mas a questão estrutural, de ter um ambiente de livre concorrência no qual canais possam ser criados e, se forem atraentes, sejam distribuídos, não foi resolvida. A barreira que fez com que a gente levasse tanto tempo para conseguir entrar nas operadoras de TV paga ainda existe. Ela faz com que o mercado brasileiro não tenha um funcionamento tão saudável como poderia. Essas barreiras artificiais, criadas na distribuição ou em qualquer elo do negócio, são muito negativas. Acabou a era do capitalismo dos amigos do rei. O Brasil precisa de um sistema onde a concorrência prevaleça. Embora tenhamos resolvido a nossa questão de distribuição, o problema permanece. Todo mundo dessa indústria – sejam consumidores, distribuidores, programadores – deveria ter como objetivo comum ter certeza de que o mercado tenha um funcionamento decente.

M&M – Como mudar este cenário?
Edgar – Os players da indústria devem refletir e ter algum ambiente onde se possa discutir os interesses do todo, para que não existam mecanismos individuais que impeçam que a concorrência funcione livremente. Todos deveriam se engajar, não sei exatamente qual o ambiente onde isso poderia acontecer hoje, mas deveríamos pensar no melhor para o mercado como um todo.

M&M – O EI assumiu o interesse de ter os direitos do Campeonato Brasileiro a partir de 2019. Qual a proposta de vocês? A oferta de R$ 550 milhões aos clubes que tem repercutido é verdadeira?
Edgar – Há uma oportunidade a partir do fim dos contratos atuais, em 2019. Vale dizer que hoje os direitos são comercializados por meio de contratos independentes para TV aberta, paga e pay-perview. Os clubes têm a oportunidade de negociar e maximizar a concorrência em cada uma dessas janelas. Na nossa opinião, o valor dos direitos de TV paga estava muito defasado, R$ 60 milhões no contrato atual. Fizemos uma proposta muito mais atraente, de R$ 550 milhões ao ano, de 2019 a 2024. Este é um valor global a ser rateado entre os 20 clubes.

M&M - Como chegaram a esse valor?
Edgar – É importante frisar que não costumamos divulgar o valor, mas vazou um e-mail nosso e não quisemos deixar no ar. Embora os contratos sejam independentes, esses valores foram negociados de forma embolada. Atendeu aos interesses da Globo, que fechou direitos de TV paga num valor não condizente com o mercado. Chegamos a esse número da mesma forma que definimos qualquer direito: quanto ele pode gerar de retorno para nossas várias linhas de receita. Por exemplo, em propaganda, patrocínio, em termos de acréscimo de receita vinda das operadoras de TV paga. É esse tipo de conta que fazemos, com uma projeção da receita, aí vemos quanto podemos pagar.

M&M – O que mais o EI oferece aos clubes? Promete diferenças envolvendo inclusive patrocinadores, correto?
Edgar – No mercado mais comercial do mundo, os Estados Unidos, as emissoras respeitam os direitos dos clubes e os naming rights, seja de arenas, seja de times associados a marcas comerciais. No Brasil, por exemplo, temos o Allianz Parque, que é o estádio do Palmeiras. Ninguém deveria ter o direito de rebatizar o estádio, o nome é esse. Darmos os nomes não deveria nem ser contado como vantagem, só é visto assim por conta de uma distorção que existe no mercado brasileiro. Nós nos comprometemos com os clubes e, na verdade já praticamos isso. Em São Paulo tem um time chamado Red Bull, este é o nome dele, não importa se é um produto, chamamos assim. O mercado brasileiro ainda está em um estágio de sub-desenvolvimento em relação a isso, e vale uma discussão. Não faz sentido, não ajuda o esporte a se desenvolver. Quando os clubes negociam e conseguem viabilizar estádio e arenas, como é o caso de Palmeiras e Grêmio, que tem arenas privadas, uma das fontes de receita importante é a venda dos naming rights. Está no nosso acordo com os clubes esse compromisso, mas ele é independente, vamos continuar a chamar os estádios e times pelos nomes certos, independentemente de termos esses direitos.

M&M: Há ainda o comprometimento de exibir um número de partidas de cada time. Como funcionará?
Edgar: A força do futebol brasileiro está na existência de um número grande de times fortes com torcidas espalhadas pelo Brasil. É muito importante exibir um número equilibrado de partidas entre os times. Voltamos ao mesmo propósito: ajudar no desenvolvimento do futebol brasileiro. Embora fazendo isso a gente possa abrir mão de meio ponto de audiência aqui e ali, escolhendo um time que vai dar uma audiência um pouco menor que outro, quando pensamos no todo, estamos fortalecendo o futebol, que no final vai melhorar o produto e a audiência. É uma situação de ganha-ganha em médio e longo prazo, embora possamos ter pequenas perdas no curto prazo.

M&M: Como vão as negociações com os clubes?
Edgar: Estamos conversando, mas não entramos em detalhes específicos de negociação. Algumas coisas estão acertadas e em breve devemos anunciar fechamentos.

M&M – Como fica a transmissão se vocês fecharem com parte dos times e não todos?
Edgar - A Lei Pelé estabelece que para transmitir um jogo tem de ter os direitos dos dois times. Todos os jogos poderão continuar sendo transmitidos pelo PPV e pela TV aberta. Hoje só são dois jogos por rodada na TV paga e isso não vai mudar, pode ser que exista na verdade um aumento. Estamos confiantes de que teremos um número de times que nos permitirá ter um pacote relevante. A receptividade está sendo muito boa, existe um desejo de mudança. Mesmo que alguns times continuem com o SporTV, é saudável ter a concorrência, é muito ruim ter uma situação em que os clubes não tenham alternativa, cria um ciclo vicioso no futebol brasileiro com uma dependência exagerada dos times em relação à Globo. Com a concorrência, melhora para todo mundo. Até para a Globo será bom, para transformar em um ambiente mais saudável.

M&M – Existe um temor dos clubes em relação ao alcance do Esporte Interativo?
Edgar – Antes de a gente entrar na Net/Claro existia uma preocupação, ouvíamos de clubes que a Globo estava dizendo para eles que a gente não entraria na TV paga. Obviamente, com a Net, os clubes perceberam que era um discurso de um concorrente tentando desvalorizar a concorrência. Isso já está morto. No final, além dos canais EI, temos todos os canais da Turner que tem distribuição completa na TV paga.

M&M – A força do EI nas mídias digitais foi potencializada agora, com a Turner?
Edgar - Uma das razões mais fortes pelas quais a Turner investiu e depois comprou o EI foi o sucesso nas mídias digitais. A ideia é incrementar isso, estamos sempre aumentando o volume de pessoas trabalhando com esse foco. Em outros grupos o conteúdo das redes sociais é quase um subproduto da TV ou as usam como ferramenta de promoção do que está na televisão. Temos uma visão completamente diferente. As redes sociais são um ambiente a mais, no qual queremos levar o melhor do esporte da forma mais emocionante, tendo o maior engajamento e interatividade possíveis com nosso fã. Não falamos nas redes sociais apenas dos eventos que temos direito, como a maioria faz. Se tem um evento que interessa ao apaixonado por esporte, vamos falar e interagir da mesma forma que fazemos com os que temos direito.

M&M - Pode dar um exemplo?
Edgar - O post da Copa do Mundo de 2014 com o maior engajamento no Facebook no Brasil foi nosso e não tínhamos direito de exibição. É um exemplo extremo, de um momento especial, mas a filosofia é sempre pensar a partir do sujeito que é apaixonado por esporte, e não a partir do nosso conteúdo. Nosso pessoal tem liberdade total para falar de qualquer assunto que interessa ao torcedor nas redes sociais. Temos uma equipe grande dedicada a isso. Entre produção de conteúdo e gestão de redes sociais são quase cem pessoas. Publicamos mais de cem posts por dia nas redes. Em julho do ano passado tivemos o maior engajamento de qualquer página esportiva do Facebook no mundo (70 milhões de interações), não só do Brasil e não restringindo a grupos de mídia. É um dado público do Socialbakers, temos um orgulho enorme, é parte do nosso DNA e do nosso negócio.

M&M - Este ano, o principal fato esportivo é a Olimpíada. Como usufruir desse momento, mesmo sem transmitir as competições?
Edgar - Nosso plano é ampliar o sucesso que tivemos na Olimpíada de 2012. Ser aqui no Rio de Janeiro, nosso quintal, ajuda. Teremos uma equipe grande na cobertura, usando a paixão como combustível. Temos acordo com uma série de atletas, vamos ajudá-los a produzir conteúdo legítimo para suas páginas nas redes sociais, depois vamos reproduzir na nossa. O objetivo é sermos o ambiente de referência para qualquer apaixonado por esporte, gerando para o atleta a possibilidade de falar com muito mais gente. A única restrição do COI é que o atleta não pode entrar de dentro do equipamento esportivo, mas se está fora ou treinando, ele pode (30 atletas assinaram, como Rafael Silva, do judô, Alexandra Nascimento, do handebol, e Natália, do vôlei).

M&M – A Turner costuma centralizar diversas operações dos canais, como administrativo, comunicação comercial e outros departamentos menos voltados a programação e conteúdo. No entanto, quando comprou o EI, parece que a programadora manteve algumas separações e o EI, sua sede no Rio. Continuará assim?
Edgar – Olhamos para o que faz sentido do ponto de vista do negócio. Tudo que está dentro do coração, especialmente o que faz parte dessa relação com o consumidor, fica no EI. Centralizar a gestão das redes sociais com Cartoon, TNT, não faz sentido, perderíamos legitimidade, que é parte da paixão. Agora outro exemplo extremo: no lado administrativo financeiro não faz sentido termos dois diretores, então hoje temos um diretor financeiro que é o da Turner no Brasil e funciona para todos os canais. Na área comercial, o mesmo time que cuida dos canais da Turner, cuida do Esporte Interativo. A área de venda publicitária tem um time próprio, mas tem uma coordenação central.

M&M – Quais são as metas da Turner para o segmento esportivo?
Edgar – Nossa meta é disputar mercado com outros canais de esportes em igualdade de condições. A relevância do esporte é muito grande, quando olhamos nos médio e longo prazos. Foi uma grande aposta, um grande investimento, e a Turner está muito satisfeita com os resultados. Ela já era líder no mercado brasileiro em vários segmentos, com uma posição de liderança grande no segmento de crianças, muito bem posicionada e disputando liderança no segmento de filmes, e uma referência em notícias com a CNN. Para ter um portfólio completo, faltava o esporte.

Da Redação/Portal Mídia Esporte

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